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Acidentes de trabalho no Brasil seguem em alta: dados reforçam urgência por políticas eficazes de prevenção

Acidentes de trabalho no Brasil seguem em alta: dados reforçam urgência por políticas eficazes de prevenção

5 de ago. de 2025

Durante a Campanha Nacional de Prevenção de Acidentes do Trabalho (CANPAT), o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) divulgou dados alarmantes sobre a evolução dos acidentes de trabalho no Brasil.

O levantamento, que cobre o período de 2021 até o primeiro semestre de 2025, evidencia um cenário que, apesar de ligeiramente menos acelerado em 2025, continua preocupante e exige respostas mais estruturadas de empresas e do poder público.


Entre 2021 e 2024, os registros de acidentes de trabalho cresceram, em média, mais de 10% ao ano. Já nos primeiros seis meses de 2025, o aumento foi de 8,98% em comparação ao mesmo período do ano anterior. Embora o ritmo tenha desacelerado, o número absoluto de ocorrências segue elevado.

Segundo o Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho, mais de 612 mil acidentes foram registrados em 2023 no Brasil. Historicamente, os dados mantêm o país entre os que mais registram acidentes laborais no mundo. Desde 2012, o Brasil já ultrapassou a marca de 6 milhões de acidentes de trabalho notificados, segundo dados do sistema de Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT).


O levantamento mais recente destaca que trabalhadores com até 34 anos concentram 33,63% das mortes por acidentes típicos. A estatística revela o forte impacto social, especialmente sobre famílias jovens e em início de vida produtiva, além das perdas econômicas para o país em razão da interrupção precoce de trajetórias profissionais.


Este dado reforça a necessidade de campanhas educativas voltadas aos jovens trabalhadores e programas específicos de prevenção em ambientes onde predominam faixas etárias mais baixas.

Os principais fatores apontados como causa dos acidentes são a ausência ou o uso inadequado de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e a deficiência na gestão de segurança dentro das empresas. Isso inclui desde treinamentos ineficientes até a inexistência de políticas internas estruturadas para identificação e mitigação de riscos.


Embora o Brasil possua normas regulamentadoras (NRs) consolidadas e atualizadas — como a NR-01 (Gerenciamento de Riscos Ocupacionais) e a NR-05 (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA) —, sua aplicação ainda encontra resistências, principalmente entre empresas de pequeno e médio porte.


Um dos pontos mais críticos destacados pelo MTE é a subnotificação. A ausência de um sistema unificado de dados nacionais dificulta a real mensuração da gravidade do problema. Muitos acidentes não são registrados oficialmente ou são comunicados de forma incompleta, o que compromete estatísticas e políticas públicas baseadas em evidência.


Além disso, diversos casos previdenciários — como pedidos de auxílio-doença — têm origem acidentária, mas não são formalmente vinculados a acidentes de trabalho. Isso mascara a realidade e dificulta o controle estatal e institucional sobre o problema.


Setores mais afetados: onde o risco é maior

Entre os segmentos econômicos com maior incidência de acidentes de trabalho, destacam-se:

  • Construção civil: com grande exposição a quedas, choque elétrico e soterramentos;

  • Transporte: marcado por jornadas extensas, direção sob pressão e riscos de colisões;

  • Saúde: com destaque para os acidentes com perfurocortantes, contaminações e sobrecarga emocional;

  • Agropecuária: envolta em atividades com máquinas pesadas, defensivos agrícolas e jornadas insalubres.


Esses setores demandam uma atuação mais firme dos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT), bem como da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), instrumentos que nem sempre são devidamente estruturados nas empresas.

A crise dos acidentes de trabalho no Brasil evidencia a urgência de políticas públicas mais robustas, investimento contínuo em cultura preventiva e maior responsabilização empresarial. Isso inclui desde campanhas educativas e treinamentos obrigatórios, até a ampliação da fiscalização por parte dos órgãos competentes.


Para o setor empresarial, torna-se essencial assegurar a implementação e a efetividade de instrumentos como:

  • PGR (Programa de Gerenciamento de Riscos);

  • CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes);

  • SESMT (Serviço Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho).


A prevenção não pode ser vista como custo, mas como investimento em produtividade, sustentabilidade e em vidas humanas. A continuidade da escalada nos números é um alerta claro: a negligência custa caro — para as empresas, para os trabalhadores e para a sociedade.

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